1906

Esta lareira "nascida" em 1906 ainda tinha este belo aspecto nos anos 80 e albergava 3 ou mais pessoas á vontade. Por vezes em noites muito frias, chegávamos a estar talvez 5 pessoas dentro deste espaço, conversando pela noite fora. Outras vezes ficava por lá um lombo de porco umas 2 horas, rebolando-se em molho de piri-piri enquanto cá fora um copo de vinho ou um cigarro ajudavam à conversa enquanto esperávamos pela janta.Foram dez anos  em que praticamente quase todos os fins de semana íamos parar ao Semideiro, um grupo de amigos que gostavam desta aldeia, de estar juntos e de se divertirem.

acordar


Acordar é um momento especial e toda a gente fá-lo a seu modo. Acordar é a arte de sentir um novo dia, pela luz que entra em casa, pelos ruídos lá de fora, pelo café e o cigarro, pelo momento em que mais um dia começa. Esta manhã na linda casa das Solteiras, onde eu e Bela fomos a convite do meu irmão e do amigo António, ficou gravado assim:)

Dezembro

Dezembro era o tema preferido que o Roberto lançava aos seus alunos para que eles se interrogassem e descobrissem por si próprios a fotografia. Tema difícil, pois será que Dezembro é só o Natal, luzes e família? Talvez compras, luzes e reflexos? Não sei. Mas Dezembro tem tudo que qualquer mês pode ter, só que é Dezembro e por isso no lugar que vivemos, é Inverno. O que podemos descobrir num dia frio e com sol? E noutro dia também frio, mas cinzento e com chuva e vento? Caras de pessoas  fustigadas pelo vento gélido,  uma lágrima de amor num dia cinzento e triste?  Bem, também há gente feliz a sair das lojas carregados de sacos com compras , caras sorridentes e alegres para os que têm prazer em estar feliz nesta quadra do Natal. Nuvens desfraldadas atravessadas por mágicos raios de sol. Um pingo de água que cai e por momentos transforma um reflexo. A neblina matinal que traz uma imagem mágica de outro mundo.O tema Dezembro mexia com as cabeças dos alunos e movia montanhas.
Enfim, escolhi esta foto que tirei ao Roberto há muitos anos atrás, pois nesta foto ele procurava Dezembro. Viva o Dezembro!

a oriente, a fábrica braço de prata

Uma velha fábrica de armamento converteu-se num espaço cultural numa zona adiada de Lisboa. Lembro-me de ir para esta zona enfiando o meu carro num pântano de lama e pedra, ladeado pela antiga refinaria, fabricas desmanteladas, pesado lixo urbano, e um porto esquecido com vista para o mar de palha e outra banda. Toda a beleza da zona sul se perdia visto deste sítio tão feio. Um professor de filosofia, Nuno Nabais, idealizou este espaço e ele próprio (com a ajuda do irmão, importante engenheiro de uma empresa de construção e muito mais coisas e peripécias que, se quiserem saber, podem pesquisar na net) e mais alguns colegas livreiros, espremidos pelo crescimento e necessidades imobiliárias do bairro alto e baixa lisboeta, foram empurrados para este espaço, onde ninguém acreditaria que os livros e consequentemente este espaço transversal e especialmente democrático de cultura iria substituir com êxito o cheiro da pólvora que por muitos anos foi guardado nestas paredes.
Aqui se vê teatro, cinema e ouve-se música de portas abertas ou em portas por abrir. É uma caixa de surpresas. Andar pelos corredores a ver quadros, garrafas de vinhos expostas, pessoas sentadas a conversar, entrar numa sala preferida de música á escolha – DJ, Jazz, música alternativa, ouvir “artistas residentes” ou de passagem. Se não gostarmos de nada o que é difícil, podemos beber um vinho ou outra bebida de escolha, ou simplesmente mergulhar num mar de livros e de discos vinil. Eu acabei sentado neste bar, rodeado de amigos e discos vinil e ao som de boa música, onde, escutando a selecção musical do meu amigo DJ Dean James (Vítor) e na companhia de gente muito especial, passei uma bela noite.
Meus amigos. Não é nada de outro mundo, mas é bom sentirmo-nos em Lisboa como em qualquer outra parte de mundo:)

Obrigado por este momento à Paula, Vitor, Bé, Nica, Alex, Bela, Maria, Celso, John, Marta e muitos outros. 
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